O fã clube da Ovelha Negra

Como comentei desde o mês passado, prometi a vocês que faria um post especial. Não será bem um post, será um revival com os fundadores do extinto Fã Clube Ovelha Negra: Rubens, Vilma e Billy LEE!

Só para lembra-los, o primeiríssimo FC feito para nossa Amada RITA LEE, foi fundado em 1974, na cidade alegre de Porto Alegre. Após o de 74, temos registros de outros fã clubes, como o Rita Lee (1979), Rita e Roberto (1981) – a carteira de sócio foi dada junto ao álbum “Saúde”, do mesmo ano -, além dos antigos, hoje em dia, temos cada vez mais novas formas de homenagens à RITA.

Voltando ao assunto principal, fiz uma pequena entrevista com os fundadores do extinto Ovelha Negra, que foi fundado logo após o Rock in Rio de 1985, onde Rita se apresentou na mesma noite de Ozzy Osbourne, entre outros. Os fundadores: Rubens Lucena e Billy Abner.

O Fã Clube teve uma grande repercussão tanto entre os fãs de Rita e Roberto (óbvio), como os de outros artistas da época. Uma curiosidade: A expressão “Leenáticos” surgiu após uma publicação que Rubens Lucena colocou no jornal, a procura de fãs “LUNÁTICOS” de Rita Lee, bem... A expressão seria “LEENÁTICOS”.

Abaixo disponibilizarei as perguntas e suas respectivas respostas. Prefiro que os próprios fundadores e ex-administradores do antigo FC contem melhor a sua história, não só como Fã Clube, mas como fãs alucinados de nossa Querida.

ENTREVISTA ESPECIAL - VILMA, RUBENS E BILLY:

1. JOAO NAIFF - Quando e aonde você escutou RITA LEE pela primeira vez em sua vida?

RUBENS LUCENA - Ainda criança, ouvi pelo rádio “José” e aquela canção já me fez despertar certo interesse por aquela voz.

VILMA GUSMÃO - Acho que tinha uns 10 ou 11 anos quando ouvi/vi  Os Mutantes nos festivais da Record. Rita já demonstrava que havia nascido para brilhar.

BILLY ABNER - Em 1977 com primos malucos que gostavam dos Mutantes e Tutti Frutti, na praia. Na verdade, no auge dos meus 17, 18 anos curtia muito, era amigo pessoal do Casagrande, na época, teve o show “Saúde”, no Ibirapuera. O Corinthians, tinha sido Campeão Paulista em 82. Subiram ao palco: Sócrates, Casão e Wladimir, foi muito show.

2. JN – Em 1985, você e Billy estiveram na primeira edição do Rock in Rio, no RJ. Como foi para vocês, verem Rita no palco depois de um tempo fora? Já havia conhecimento por parte dela do novo FC?

       RuL - Foi uma aventura muito especial que ficou marcada para o resto de nossas vidas. Fomos de ônibus, e já na partida para o Rio na Rodoviária do Tietê, chamamos a atenção dos passageiros por estar carregando uma pipa enorme, cor de rosa e com a foto da Rita e abaixo da foto estava estampado LEE bem grande. Na lanchonete da Rodoviária conhecemos uma fã (carioca que morava em Sampa) que também estava indo ao Rio para ver o show da Rita, era Cintia Carvalho, que se tornou uma grande amiga nossa. Chegando à terra dos cariocas fomos direto para a cidade do Rock, levamos uma pipa que se destacou no céu do festival. O show da RITA foi impecável, o público vibrou muito, afinal, no palco se apresentava a maior estrela do rock nacional. Para nós, adrenalina pura. No dia seguinte fomos até a frente do Hotel Copacabana, fazer plantão para tentar ver nossa ídola, e conseguimos, RITA deixou o Hotel e ganhamos um sorriso e um tchauzinho. RITA ainda não tinha conhecimento que iriamos fundar o FC Ovelha Negra.

 3.  JN - Na primeira edição do Rock in Rio, você e mais alguns membros do “futuro” FC Ovelha Negra marcaram presença lá, para assistir o show de Rita, além disso, marcaram presença no céu e na plateia (se é que entende). Você lembra quais foram às formas de homenagear RL no dia do show?
   BILLY - Foi muito 10, adrenalina tomando conta. Saímos 00h30min, da Rodoviária Tietê, eu e Rubens... Os demais fãs que foram só a pipa ligava a eles. A Faixa também marcou presença. Demos entrevista pra Globo, Jornal do Brasil e nos divertimos muito!

4. JN - De onde veio à ideia de montar um FC para Rita Lee e Roberto?

      VILMA - A ideia foi do Rubens Lucena. Trocávamos correspondências através do antigo Fã Clube Rita e Roberto que era comandado por Paulinho e Rosires. Rubens e Billy foram os primeiros. Depois fui convidada a participar. Depois veio Maurício Ruella.
   

5.  JN - Entre vocês dois como foram os primeiros momentos do Fã Clube?   

   

BILLY - ANTES DESTA PERGUNTA - Convém salientar que: Depois de começar a ouvir toda hora Rita Lee, meus discos foram se multiplicando, assim como a busca do que Rita fazia e quando seria o próximo show a próxima turnê.

 Trabalhava no centro de São Paulo e corria a cidade!!  Bancos, Cartórios e Edifícios Comerciais. Em um desses edifícios, conheci o Rubens, foi muito inusitado, pois me correspondia com muita gente do Brasil e do Mundo, tudo por Rita Lee!   

Meus contatos eram todos Fã Clube do disco Saúde, que não parava de se multiplicar, chegava a receber umas 60 cartas por dia. E o Rubens, foi muito Importante, pois já o conhecia de ouvir falar e sabia que era muito fã como eu. Neste dia ele entrou no elevador eu já estava, e quando vi aquela pessoa com mil broches, não duvidei preciso conhecer esse maluco! Ele saiu rápido do elevador, pois ficou na porta e eu lá atrás, quase o perco de Vista. O ABORDEI na av. São Luiz, já bem longe e nos conhecemos. 

Quanto ao Fã Clube, trocamos muitas ideias e curtimos muita coisa juntos... até vir a ideia, de fazer montar o Fã Clube. Nascia o Ovelha Negra... Rubens tinha muito material e tinha muito dom, em relação às ideias, por isso sua casa era o QG inicial. Eu só não dormia lá por que senão já viu!
  

  6. JN - Quem sugeriu o nome "Ovelha Negra"?

       VG - O nome Ovelha Negra também foi ideia do Rubens. Um nome marcante, já que a música Ovelha Negra foi (e ainda é), um sucesso fenomenal.

  

  7. JN - Como RL ficou sabendo do novo fã clube que haviam feito para ela? Qual foi a sua reação?

        VG - Na época, sem muitos recursos, corríamos atrás mesmo! Fazíamos "plantões" na Praça Buenos Aires, em frente ao prédio onde Rita e Roberto moravam. Ela nos via. Algumas vezes descia e ficava com a gente na praça. Se era maravilhoso isso? Ahhh, sem palavras, né! Rsrs

   
8. JN - Você, com o passar dos anos foi se distanciando do Fã Clube, mas, nunca deixou de ser sócio. O que você sentiu quando soube que Roberto doou uma sede para alavancar o sucesso da sua ideia e de Rubens?
   BILLY – Achei ótimo, pois sabia que estavam em boas mãos e foi uma atitude sensacional do Roberto.
   
9. JN - Em 1986 foi publicada a primeira edição do fanzine trimestral “Raios Leenáticos", com notícias, fotos e histórias da carreira de Rita e Roberto. Já na edição de n° 1, Rita cedeu uma entrevista especial. Como vocês se organizavam e escreviam as edições?
    VG - Nossas reuniões eram em nossas casas. Revezávamos, claro. Morávamos longe uns dos outros. Na maioria das vezes era na casa do Maurício. Ali eram confeccionados os Raios Leenáticos. Estampávamos camisetas com o nome do Fã Clube, às quais vendíamos por um valor "simbólico" que era para angariar fundos para a continuação do nosso trabalho, uma vez que não existia nenhum tipo de patrocínio. Tudo era feito por um amor imenso!

  

10.  JN – Entre as loucuras... Você lembra qual foi a maior loucura que já fez por RL e RC, ao lado de outros membros?

     RuL - Foram várias loucuras, inclusive vou aproveitar a oportunidade para relatar uma delas e publicamente pedir desculpas a nossa dupla. Eu e Billy naquela euforia leenática da nossa juventude, queríamos mostrar ao mundo que RITA LEE era a melhor cantora desse país (como de fato ainda é), e resolvemos sair pichando os muros da cidade de Sampa com frases carinhosas, nomes de algumas músicas. Uma dessas pichações aconteceu no muro do prédio onde residiam RITA e ROBERTO, localizado na Rua Bahia, no bairro de Higienópolis, aqui em Sampa. Pichamos a seguinte frase: “Rita enquanto dormes pensamos em ti” (foto), porém, o muro era de mármore, imaginem a dificuldade que foi para os funcionários do prédio limpar aquilo, a dor de cabeça que não deve ter causado a nossa dupla perante o condomínio do prédio. Loucuras de fãs.

11.  JN - Em 1987, o fã clube recebeu um presente especial de Roberto de Carvalho: A sede - que se situava na Rua Beneficência Portuguesa, SP -. Quem deu o nome a Sala "Virgínia Lee", em homenagem à irmã de Rita?

   RuL - A Virginia sempre foi uma pessoa super carinhosa conosco, positiva e nos apoiava sempre, e na ocasião da inauguração da sede do Fã-Clube, eu, Vilma e Maurício nos reunimos e chegamos ao consenso de que a sala da sede do FC Ovelha deveria se chamar “Vírgina Lee”.

2.  JN - Em 1992 foi transmitido pela Rede Cultura uma matéria na sede do Ovelha Negra. Deu pra ver a quantidade de material que havia. Como era a organização do acervo do FC? Vocês recebiam doações?

   RuL - Quando iniciamos a montagem da sede do FC Ovelha Negra, os três integrantes da diretoria abriram mão dos materiais que molduravam as paredes de seus quartos e doamos os materiais para serem expostos na sala. A RITA liberou os figurinos dos shows. O resultado ficou bem legal. Aquela sala tinha passado a ser nosso santuário, era bom demais ir até lá e receber os fãs, era maravilhoso. As doações que recebíamos, eram materiais que os fãs nos enviavam: fotos, quadros pintados por eles, e aproveitavam também para enviar souvenirs para enviar a nossa dupla.

13.  JN - Na matéria divulgada pelo Vídeo Show, por volta de 2001, foi mostrado que haviam mais de 600 fãs cadastrados. Você lembra ao certo a quantidade de fãs cadastrados de 1985 a 2001?

   RuL - Eram muitos fãs em todo o Brasil, além de Estados Unidos, Portugal, Argentina, e França. O número exato, não recordo, mas devia estar em torno de 880 associados. Lembro que chegou uma época, que a quantidade de cartas era tanta, que fazíamos uma única carta resposta, tirávamos cópia e enviávamos aos fãs. Quase que não conseguíamos dar conta de tantas cartas.

14.  JN - Hoje, após 27 anos a fundação do FC, do que você mais sente saudade daquela época?

   BILLY - Saudades de tudo que fiz, desde os pichos na parede do prédio dela até as idas e vindas em shows distantes. Muito mais que isso as amizades que fiz e duram algumas, até hoje... Rubens e Vilma!!

   

Saindo um pouco do Fã Clube, aproveitei para fazer algumas outras perguntas... Vejam:

1.  JN - Entre os shows históricos de Rita, qual foi o que você mais gostou e mais lembra?

   RuL - Foram vários, entre eles a gravação do especial para a Rede Globo em 1983 no Ginásio do Ibirapuera. A gravação do especial para a Rede Manchete no Maracanãzinho no Rio de Janeiro. A gravação do acústico MTV. Assisti aos ensaios da Tour 87/88. Não perdi nenhuma apresentação do Bossa’n Roll no Palace, aqui em São Paulo. Cada show tinha uma emoção diferente, e era bom demais estar junto com nossos amigos leenáticos. A satisfação em assisti-los só aumentava, o que nos levou a acompanhar RITA por vários shows desse país. Ganhamos grandes amizades que duram até hoje, graças ao amor que sentimos por Rita Lee e Roberto de Carvalho.

2.  JN - Você trabalhou muitos anos para RL e RC, como era a convivência de vocês? Qual era a relação FÃ > ARTISTA e FUNCIONÁRIO > CHEFE?

   VG - A convivência com Rita e Roberto era a melhor possível. São pessoas extremamente incríveis. Eu, como Fã e funcionária, tinha que saber separar bem as coisas. É claro que era um orgulho, um sonho realizado e um prazer inenarrável estar todos os dias ao lado deles, pois o escritório era na casa de R/R. São pessoas maravilhosas, generosas e muito amorosas. Me tratavam como se fosse da família. Isso não tem preço! Foi a melhor época de toda minha vida, sem dúvida nenhuma!

3.  JN - Qual a peça do seu acervo que você mais gosta? Qual é a mais antiga?

  BILLY - A foto Pôster que tenho até hoje ao lado dela no camarim do Maracanãzinho, em 1987 (foto).

Hoje, mais de 25 anos depois de sua fundação, o Fã Clube Ovelha Negra serve como referência não só para os fãs de RITA LEE, mas sim, para muitos fã clubes vivos por aí. Admito que fazer e manter um Fã Clube dá muito trabalho, mas, com o amor e carinho tudo se resolve. Tudo é pouco por nossa Amada RITA LEE, ela sempre merece mais.

A intenção desse post e fazer que ele vivesse de novo dentro de cada um, e que os demais e futuros fã clubes e fãs (principalmente) de Rita e Roberto sigam o exemplo de Vilma, Rubens, Mauricio e Billy: Amar e SEMPRE semear amor, carinho e dedicação ao casal Lee/Carvalho. 

OBS: Só não pode ter ciúmes, afinal, Rita e Roberto são todos nós, do BRASIL.

O único motivo de nos deixar meio tristes é que o excepcional FC tenha se acabado. Mas, o que não falta é homenagem à nossa Musa. Ele sempre estará na lembrança.

Agradeço a participação de Rubens, Vilma e Billy e que eles saibam que o trabalho que exercem em função de Rita serve como exemplo não só para mim, mas para todos nós. Eles sabem o que fazer. Parabéns ao melhor Fã Clube do Brasil.