Inesquecíveis apresentações: Entradas & Bandeiras (1976)

Dando sequencia aos post sobre shows, vamos sair de 1975 (Fruto Proibido) e vamos para 1976, com o lendário “Entradas & Bandeiras”.

“Embora tenha afirmado não ser viciada em maconha e que não eram seus os cigarros e as sementes da erva encontrados pela polícia em sua casa, só hoje, quinta-feira, em julgamento que começará às 13 horas na 20.ª Vara Criminal de São Paulo, será decidido o destino de Rita Lee. Ela está presa desde o último dia 24, quando um grupo de policiais, com um mandado judicial, apreendeu em sua casa em São Paulo “baganas de maconha semiconsumida, além de sementes e porções da erva”. Rita Lee foi levada presa, juntamente com três integrantes de seu conjunto Tutti-Frutti, Judi Spencer, Mônica Lisboa e Antônio Carlos, que estavam em outra casa em que foram encontrados, segundo a polícia, “dez pastilhas de LSD, pequenas porções de maconha, uma pastilha de mescalina e dez gramas de haxixe”.

Ao lado, alguns dos integrantes do Tutti Frutti, no DEIC.

Grávida de três meses , nossa musa estava dormindo (doente, segundo disse) quando os policiais chegaram na casa em que ela estava com a tia, Luísa, e a empregada, Dalva.

“Levada para a delegacia de Entorpecentes do Departamento de Investigação Criminais (DEIC), a cantora disse ao delegado Carlos Ferreira Castros que não era viciada. “Já experimentei maconha, sim , mas há tempos, e deixei de usar a erva por dois motivos: primeiro, porque estou grávida e, segundo, para que minha imagem, como artista, não fique deturpada perante o público. Nunca fui presa nem processada, não tenho nem nunca tive qualquer vício de maconha e estou deixando inclusive de fumar os cigarros comuns, por causa de minha gravidez.”

Revista Amiga, 1976.

Juiz Antônio Aurélio Maciel, da 20.ª Vara Criminal, foi quem tomou as decisões no caso de Rita.

Depois de um tempo, Rita, começou a ter um princípio de aborto, foi quando Elis Regina foi visita-la na prisão. Vendo o que Rita estava sentindo no momento, com a saúde debilitada, dívidas enormes, Elis fez o maior escândalo, dizendo que iria chamar a imprensa se não soltassem Rita. Mas, como era um tempo duro de Ditadura Militar, o que eles queriam mesmo era que Rita entregasse alguém, ou seja, queriam que Ela dissesse quem levou a droga até a casa dela, quem fornecia, etc. Não durou muito tempo (uns 10 dias) e, Rita foi condenada a um ano de prisão domiciliar.

Retirei um trecho de uma reportagem da revista Fatos e Fotos, logo após a saída dela, da prisão: “Em quanto vai curtindo sua prisão domiciliar (só pode sair do período de 7 às 19 horas) na casa de seus pais, em companhia de seus três gatos maracajás (espécie de Jaguatirica), Rita Lee espera pelo melhor: o nascimento de seu bebê. Será o primeiro neto da família. Às outras duas irmãs da cantora – mais velhas e casadas há mais tempo – não tem filhos. A futura criança é filha de Rita com o musico Roberto. “É preciso dar sobrenome?”. 

Já no lado de fora, Elis fez um convite à nossa musa, pedindo uma música para o especial que iria fazer na TV Bandeirantes. Daí nasceu a música “Doce de Pimenta”, que foi exibida há duas semanas atrás no programa matinal do Otávio Mesquita, na Band.

Após a saída da prisão, Rita, conseguiu finalmente lançar seu novo disco, que já estava pronto desde agosto, mês em que foi presa. Em um certo momento pensou que seria um fracasso, por causa da prisão, da polêmica toda que em que ela se envolveu, mas, estava errada. Foi um sucesso e conseguiu vender mais de 700 mil cópias e levando mais de 8 mil jovens aos shows, novamente. 

“Um pouco de perplexidade da prisão parece ter marcado a volta de Rita Lee aos palcos. Pelo menos no traje. Depois de passar 10 dias numa cela de presídio feminino de São Paulo, a cantora se apresentou num uniforme estilizado de presidiária, diante de oito mil pessoas que lotavam a sede social da Sociedade Esportiva Palmeiras. E além de seu habitual grito de guerra – o rock – ela cantou (ao som do conjunto Tutti-Frutti) até música caipira. Em todas acompanhada por um coro alucinado (e alucinante) da plateia.”

Depois de retornar com o show no Teatro Aquarius, Rita conseguiu reembolsar mais de 450mil cruzeiros, que já dava para dar uma “desafogada” nas contas.

Músicos

§  Luís Sérgio Carlini: Guitarras Ritmo, Solo, Slide, Havaiana e Talk Box - Craviola – Gaita;

§  Lee Marcucci: Baixo – Percussão;

§  Paulo Maurício: Teclados - Sintetizador (cordas e metais) – Vocais;

§  Sergio Della Monica: Bateria - Percussão - Tubular Bells;

§  Rubens Nardo: Vocais – Percussão;

§  Gilberto Nardo: Vocais – Percussão;

§  Rita Lee: Violão Acústico - Flautas do Xingu - Piano base em Coisas da Vida;

 Ficha Técnica

§  Produção: Peninha Schmidt;

§  Ass. Produção: Wagner Baldinato;

§  Técnicos de Gravação: José Luis Costa, Flávio Augusto e Luis Carlos Baptista;

§  Fotos e Arte: Jan e Gustavo Matula;

§  Direção Geral: Mônica Lisboa;

DATA DE GRAVAÇÃO E LANÇAMENTO:

GRAVAÇÃO: Estúdio Eldorado, julho de 76

LANÇAMENTO: Outono de 76