quinta-feira, 17 de outubro de 2013

RITA LEE é homenageada pela UFMG

Amigos, conforme informei há alguns dias, nossa querida RITA LEE foi homenageada na Universidade Federal de Minas Gerais, mais precisamente no dia do centenário da Faculdade de Medicina, sendo citada como inspiração para os alunos no livro histórico do centenário da instituição, em capítulo referente ao "Show Medicina", espetáculo teatral produzido anualmente por acadêmicos desta faculdade desde 1954.

Para que vocês tenham uma ideia sobre o livro, ele fica em permanente exposição no Centro de Memória da referida faculdade e aborda todos os aspectos históricos da instituição, incluindo sua fundação, federalização, organização, corpo docente, pesquisas, pós graduação, produção científica e, ainda, um capítulo especial sobre o papel das mulheres na história da faculdade nestes 100 anos, além da lista completa de todos os alunos graduados, como Juscelino Kubitscheck, Ivo Pitanguy e Guimarães Rosa.

O capítulo sobre o "Show Medicina" foi dividido em seis partes, cada uma abordando um período diferente da história deste grupo teatral que, mesmo sendo amador, é o mais antigo do Brasil. Dentre os autores, os dois fundadores do grupo que não exerceram a medicina como profissão: Jota Dangelo, diretor teatral muito respeitado no Brasil, já tendo sido inclusive Secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais, presidente da Fundação Clóvis Salgado (que administra o Palácio das Artes) e Secretário Executivo do Ministério da Cultura. E Ângelo Machado, imortal da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mineira de Letras, que se dedica a pesquisas sobre libélulas, já tendo descrito mais de 40 novas espécies. Ângelo também é autor de belíssimos livros, com destaque para a literatura infantil (sempre abordando como tema a preservação ambiental) e teatral.

Os demais autores seguiram a carreira médica. Rita foi mencionada pela fã Ana Luiza, presidente do grupo em 1995, como a fonte de inspiração para sua ousadia de fazer arte durante a formação acadêmica, atividade potencialmente fortalecedora da humanização na Medicina. Pois é, até nisso a obra de Rita Lee exerce grande influência.

Rita recebeu o livro com a seguinte dedicatória: "O verdadeiro médico é aquele que faz da Medicina uma Arte, e o verdadeiro artista, aquele que faz da Arte, Medicina".






















Nada mais merecido. Rita Lee é médica de almas.

Abaixo, trechos do texto:

Daquele dia em diante, muito mais do que apenas a ciência passou a fazer sentido pra mim. Na Medicina, inclusive. Não, não havia qualquer pré requisito formal para atuar. Há coisas que não podem ser ensinadas, e o Show Medicina é uma delas. Aprende-se fazendo.

Rita Lee, diva da criatividade que sempre me inspirou, disse certa vez que mulheres bem comportadas não fazem história. Para fazer parte da história do Show Medicina, além de querer, também era preciso ousar. A ousadia inusitada de fazer graça em pleno período acadêmico e tudo o que ninguém jamais esperaria de um estudante de Medicina, nem mesmo ele próprio, ainda mais sendo calouro. Passar muitas noites em claro, e não somente nos plantões. Mesmo em véspera de provas, escrever textos, alguns inicialmente nem tão engraçados, mas com potencial, e enriquecê-los com personagens hilários, inspirados em nossas experiências diárias no Campus da Saúde, em nossos pacientes, professores ou em nós mesmos, acadêmicos. Criar e montar cenários enormes, ensaiar na calada da noite, pedir pizza de madrugada, dormir (sem cobertor) no chão do oitavo andar da faculdade e manter o mesmo ritmo de estudos em horário integral. Escola, ambulatórios, plantões, Show. O desafio era conciliar todas as tarefas. Ah, sim, e continuar tirando boas notas. Ou não?
(...)

Ao longo do curso aprendemos a fazer anamneses e exames físicos. Treinamos nossos olhos clínicos e nossas mãos cirúrgicas. Exaustivamente, estudamos para sermos capazes de fazer diagnósticos e adotar condutas baseadas em evidências sérias, mas não, não aprendemos a lidar com a vaidade de saber tanto. Deixemos, pois, a hipocrisia de lado para admitir que o orgulho de ser médico eternamente teimará em nos atingir, e isso nem sempre é bom, sobretudo em péssimas condições de trabalho. Conhecemos nossos limites, mas desejamos que ninguém mais saiba deles. Resta ao leigo paciente o direito de pedir uma segunda opinião.

Pois bem, nos ensaios do Show medicina aprendemos principalmente a ouvir críticas e a levá-las em consideração. Brigamos, choramos e trocamos insultos antes de sairmos juntos para tomar cerveja. O sucesso final depende exclusivamente da nossa capacidade de lidar com isso. Ninguém arrisca uma segunda opinião quando todos estão batalhando pelo mesmo aplauso. Cada Show Medicina é, para nós, uma nova lição de humildade. Prova de que uma democracia de verdade sempre gera bons resultados. Prova de que o desejo de ser aplaudido também tem um lado bom.
(...)

Tornamo-nos médicos mais humildes e humanos. Aprendemos muito sobre a importância do teatro como garantia de uma boa relação com os pacientes. Quem nunca trabalhou cansado? Quem nunca passou uma noite em claro atendendo a uma demanda bem maior do que deveria ser? Quem sabe das aflições daqueles que estão doentes e buscam no médico conforto, não raro cheios de esperanças vãs? Todos os pacientes esperam que estejamos bem dispostos e que sejamos, de fato, sacerdotes de prontidão para atendê-los com carinho. Eles não precisam, e nem devem, saber quando já estamos loucos para ir pra casa. Esta é a nossa profissão. Praticando, tornamo-nos sim, mais carinhosos, mesmo quando estamos representando. Como já disse, há coisas que não podem ser ensinadas. Aprende-se fazendo.
(...)

Obrigada Jota Dângelo, pelo sonho que criou. Obrigada Rita Lee, por ter inspirado aquela insegura caloura a sonhar além da Medicina.

22 comentários:

  1. Linda homenagem, com a qual estou 100% de acordo! Rita Lee tem o "espírito" do Show: divertida, atrevida, inteligente, ousada. Como "oscarveirado" (leia-se: ex-integrante do Show), assino embaixo com prazer! Flávio Medeiros Jr.

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    1. Obrigado, Flávio! Eu também fiquei 100% de acordo quando vi a primeira vez esta homenagem a nossa Querida RITA LEE.

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  2. Raquel W Santos17 outubro, 2013

    Fico muito feliz e orgulhosa em ver o Show Medicina UFMG ser mencionado de forma tão bacana. Tenho certeza de que a Rita serviu de inspirção não só para sua super fã - Ana Luiza - como também para todo o grupo. Inclusive, algumas músicas - tanto da época dos Mutantes, quanto da carreira solo - já foram tocadas em nossas apresentações. Parabéns pelo post e obrigada por divulgar o nosso SHOW! Raquel W Santos

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    1. E eu agradeço ao "Show Medicina" por homenagear RITA, e agradeço aos alunos por fazerem da trilha do "momento" as canções dela. Ana Luiza soube muito bem fazer e citar nossa Ritinha com muito carinho. Abraço, Raquel!

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  3. Muito merecida essa homenagem... afinal de contas onde tem ritz a coisa muda de figura. Cara ela sempe vai inspirar onde for.. e dizer pra Doc q eu fico sempre mais encantada com a sua vida e sua luta por aqui q ama.. Rita e Medicina. Um salva de palmas pro "Show de medicina"! Daquele jeito... bjos!
    Ju

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    1. Eita, Juju! RITA é nome, Lee é sobrenome e Inspiração é apelido. Cê viu como ela serve de inspiração para tantos? (A Ana é meio suspeita, mas vale...), hahah. Beijo!

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  4. João, muito obrigada pelo carinho de postar em seu blog minha singela homenagem à Rita Lee. Escrever um pedacinho desse livro, juntamente com pessoas tão ilustres, foi uma grande honra pra mim, maior ainda por ter assim eternizado em meu mundo, que é o da Medicina, a pessoa que mais me inspirou a confiar em mim mesma ao longo da minha vida e, consequentemente, a seguir este caminho. A prova de que Rita é uma artista de verdade, artista com "A" maiúsculo, é a maneira construtiva como ela atinge seus fãs, com sua história recheada de vitórias e músicas lindas. Médica de almas sim, sem dúvidas, sempre despertando na gente a ousadia necessária para nos impulsionar em direção aos nossos sonhos.
    Um grande beijo da "doc".
    Ana Luiza

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    1. Aninha, eu que te agradeço por ajudar essa instituição a homenagear nossa Amada RITA LEE em pleno ano acadêmico. You is crazy! Do mesmo jeito que a Rita ficou, eu também estou feliz com essa super homenagem (tanto sua como da UFMG).
      Beijos!!

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  5. Eu lembro bem de quando participei pela primeira vez do Show Medicina e a banda tocava "Erva Venenosa". Era bem legal. Ótimas Lembranças! Que a Rita tenha muita saúde e contenue sempre atrevida!

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  6. Muito boa a informação e que iniciativa mais linda de homenagear a Rita. Na realidade, não consigo pensar em um profissão que não caiba MERECIDAMENTE uma homenagem a Rita Lee. Ela é sinônimo de coragem, determinação, prazer pelo que faz, amor, compromisso... Me comprometo aqui, a também citá-la em forma de homenagem, quando eu me formar. Não sei se terá tanto peso assim como o que a Ana fez, mas será com amor e respeito. Parabéns, João! Parabéns, Doutora Ana! <3

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    1. Ela é a favorita do harém das Santas! A nossa "médica do amor".
      Concordo com tudo o que você falou, Dinha! Ela é "sinônimo de coragem, determinação...", e que assim seja pelos séculos dos séculos.
      Beijos!!

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  7. Ana concordo plenamente. O Show Medicina é uma escola de vida. Nos ensina a sermos pessoas melhores, mais criativas, mais apaixonadas, em vários aspectos. Ninguém melhor do que a Rita para servir de inspiração... Mãe, mulher, menina, avó, artista. Sempre ousando, se reinventando e se divertindo muito!

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  8. João, gostei muito da sua mensagem e homenagem a todos nós médicos que nos sentimos tocados pela arte dessa artista única que é Rita Lee.
    Como é bom se sentir representada por um texto de memórias compartilhadas! Este texto-sentimento, nas memórias de uma Faculdade querida, especialmente em momento de tantas atitudes politiqueiras de não representatividade por docentes da mesma! Momentos de revolta por intransigências políticas e avacalhação da saúde no Brasil! Manter essa acadêmica, em nós, dá esperança de construir um futuro mais digno! Obrigada à Rita Lee pelas mensagens e atitudes inspiradoras, "que Deus nos proteja" ... e que a "ovelha negra" que mora em todos nós seja semente revolucionária, criativa e inquieta para outros Jubileus e mudanças... para um "Brazil com S"

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    1. Eu que agradeço, Luciana! Nada mais merecido que eu juntar uma homenagem à Rita e uma homenagem a classe médica. Vocês também merecem!
      E que o nosso "Brazil com S" melhore a partir de então, se possível, com as canções de RITA LEE para dar mais emoção e comodidade. Bjs

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  9. Dráusio Oitenta20 outubro, 2013

    Adorei o texto e é a pura verdade... Tive momentos difíceis e a sua música funcionava como terapia, isto é remédio!

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    1. Não só momentos difíceis, Dráusio. A música funciona como terapia, ainda mais a de RITA LEE, nem preciso falar... Hahaha, abraço!

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  10. Querida Ana Luiza,
    Como diria a Rita, "porra meu", eu sou apenas três anos mais moço que ela e seu fã desde o surgimento dos Mutantes em 1966!
    Sua citação da Rita Lee no Livro do Centenário da Faculdade de Medicina foi muito bacana, pois ela é mesmo uma artista "hors-concours": genial, inspirada, irreverente, contestadora e, junto com pouquíssimos artistas brasileiros, sempre se manteve distante da mesmice imbecilidade reinantes na música popular brasileira.
    Beijão pra você e pra Rita,
    Júlio Anselmo

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  11. Júlio Anselmo!!! Que honra!!! Atenção João: Um dos professores mais antigos e queridos da neuroanatomia da Faculdade de Medicina da UFMG e também autor do livro do centenário acabou de postar em seu blog. Aliás, "Porra meu" era quase um lema nos ensaios dos quais ele participava. Eita! Clap clap clap!

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    1. Ana, já vi a responsa que o Júlio é... agora... Como eu faço pra agradecer este ser que veio por aqui dar aquele "ar" de graça e de orgulho pra mim??

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  12. Poxa,espero q eu sinta a mesma coisa q a Ana Luiza quando fizer medicina.

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    1. Já falei que você vai sentir isso em qualquer curso e/ou momento. Isso chama-se AMOR. Eu sei que você também sente... Beijo!

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